1 Coríntios 2

Almeida Antiga - IBC

O caráter e o alvo da pregação de Paulo
1 E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria.
2 Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.
3 E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
4 A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder;
5 para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
6 Na verdade, entre os perfeitos falamos sabedoria, não porém a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que estão sendo reduzidos a nada;
7 mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, que esteve oculta, a qual Deus preordenou antes dos séculos para nossa glória;
8 a qual nenhum dos príncipes deste mundo compreendeu; porque se a tivessem compreendido, não teriam crucificado o Senhor da glória.
9 Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.
10 Porque Deus no-las revelou pelo seu Espírito; pois o Espírito esquadrinha todas as coisas, mesmos as profundezas de Deus.
11 Pois, qual dos homens entende as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele está? Assim também as coisas de Deus, ninguém as compreendeu, senão o Espírito de Deus.
12 Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, mas sim o Espírito que provém de Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus;
13 as quais também falamos, não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas espirituais com espirituais.
14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
15 Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido.
16 Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.

Referências Cruzadas

1 1Co 2:4; 1Co 2:13; 1Co 1:6
2 Gl 6:14
3 At 18:1; 2Co 4:7
4 1Co 2:1; 1Co 1:17; Rm 15:19
5 2Co 4:7
6 1Co 14:20; Hb 5:14; 1Co 1:13; Tg 3:15; 1Co 1:28
7 Rm 16:25; Rm 16:26; Ef 3:5; Ef 3:9; Cl 126-28
8 Mt 11:25; Jo 7:48; Lc 23:34; Jo 16:3
9 Is 64:4
10 Mt 13:11; Mt 16:17; Jo 14:26
11 Pv 20:27; Rm 11:33
12 Rm 8:15
13 1Co 2:4; 2Pe 1:16; 2Co 10:12; Is 28:10; Jo 14:26
14 Mt 16:23; 1Co 1:18; 1Co 1:23; Rm 8:5
15 Pv 28:5; 1Jo 4:1
16 Jó 15:8; Is 40:13; Jo 15:15

1-3 Medo de nós mesmos. O apóstolo Paulo podia enfrentar eloquência com eloquência, lógica com lógica; podia participar inteligentemente de todas as controvérsias. Mas será que estava satisfeito com esse conhecimento mundano? Ele escreve: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co 2:1, 2). Aqui se encontra uma lição muito importante. Precisamos compreender onde estamos. Precisamos compreender que a mais alta educação já dada aos mortais desenvolve um espírito de humildade, pois revela quanto mais há ainda para aprender.
Quanto mais vocês aprenderem, mais verão a necessidade de colocar toda a sua mente e interesse em aprender por causa de Cristo. Por que vocês estão aprendendo? Estão adquirindo conhecimento para se tornarem inteligentes na verdade? Se esse é seu objetivo, tenham a certeza de que vocês esconderão o eu em Jesus Cristo.
“E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós” (1Co 2:3). Paulo era um grande mestre, mas sentia que sem o Espírito de Deus trabalhando com ele, toda a educação que pudesse obter seria de pouco valor. Precisamos ter essa mesma experiên-cia; precisamos ter medo de nós mesmos. Precisamos individualmente nos assentar aos pés de Jesus e ouvir Suas palavras de instrução (Ms 84, 1901).
1-4 Ver Ellen G. White sobre At 17:34.
1-5 Instruções para a igreja hoje. Paulo não era um homem inculto, mas a pregação de Cristo era um novo evangelho para ele. Era uma obra inteiramente diferente daquela na qual se empenhara quando caçava os crentes de lugar em lugar e os perseguia “até à morte”
Mas Cristo havia Se revelado a Paulo de maneira notável em sua conversão. Na porta de Damasco a visão do Crucificado mudou todo o curso de sua vida. O perseguidor se tornou um discípulo; o mestre, um aprendiz.
A partir desse momento, Paulo foi um homem verdadeiramente convertido. Deus lhe deu uma obra especial a fazer pela causa do cristianismo. Suas instruções em suas cartas às igrejas de seus dias são instruções para a igreja de Deus até o fim dos tempos (Carta 332, 1907).
Eloquência na simplicidade. Paulo não ia às igrejas como um orador ou um filósofo lógico. Não buscava meramente agradar o ouvido por palavras e frases floreadas. Em eloquente simplicidade ele proclamava as coisas que lhe foram reveladas. Era capaz de falar com poder e autoridade, pois frequentemente recebia instruções de Deus em visão (Ms 46, 1905).
Poder espiritual não está na sabedoria humana. O apóstolo Paulo tinha todos os privilégios de um cidadão romano. Não ficava para trás em educação hebraica, pois havia aprendido aos pés de Gamaliel; mas tudo isso não o capacitou a alcançar o padrão mais elevado. Com toda essa educação científica e literária, ele estava, até que Cristo lhe foi revelado, em trevas tão completas como muitos hoje em dia. Paulo se tornou plenamente cônscio de que conhecer a Jesus Cristo de maneira experimental era para seu bem presente e eterno. Ele viu a necessidade de alcançar um padrão mais elevado.
Fora hábito de Paulo adotar um estilo oratório em sua pregação. Ele era homem capaz de falar perante reis, perante os grandes e sábios de Atenas, e suas aquisições intelectuais foram-lhe muitas vezes de valor em preparar o caminho para o evangelho. Procurara assim proceder em Atenas, defrontando eloquência com eloquência, filosofia com filosofia, e lógica com lógica; mas não alcançou o êxito que esperara. Sua avaliação posterior o levou a compreender que era preciso algo acima da sabedoria humana. Deus lhe ensinou que ele precisava de algo superior à sabedoria do mundo. Devia receber seu poder de uma fonte mais elevada. A fim de convencer e converter pecadores, o Espírito de Deus teria de participar de seu trabalho e santificar toda atividade espiritual. Ele precisava comer a carne e beber o sangue do Filho de Deus (VF [MM 1971], 341; RH, 18/07/1899).
2 A verdade central das Escrituras. Há uma grande verdade central, que sempre devemos conservar em mente, no estudo das Escrituras: Cristo, e Ele crucificado. Todas as demais verdades são revestidas de influência e poder correspondentes a sua relação com este tema. E unicamente à luz da cruz que podemos discernir o exaltado caráter da lei de Deus. A pessoa paralisada pelo pecado, só pode ser dotada de vida mediante a obra efetuada na cruz pelo Autor de nossa salvação (PC [MM 1965], 208).
4 Pregadores fiéis são um espetáculo ao mundo. Nossa obra para este tempo não deve ser feita por linguagem persuasiva de sabedoria humana, como as que eram usadas pelos oradores pagãos para obter aplauso. Falem em demonstração do Espírito, e com o poder que só Deus pode comunicar. As verdades probantes para este tempo devem ser proclamadas por homens cujos lábios foram tocados por uma brasa viva do altar de Deus. Tal pregação estará em decidido contraste com a pregação que se ouve normalmente. Os mensageiros fiéis, enviados por Deus, são um espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens; não porque se coloquem em posições elevadas, mas porque mostram que são fortalecidos e ajudados pelo Espírito (Ms 165, 1899).
7-14 Ver Ellen G. White sobre Rm 11:33.
9 Educando a imaginação. Vocês precisam se demorar sobre as certezas da Palavra de Deus, para conservá-las diante dos olhos do coração. Ponto por ponto, dia a dia, repitam as lições ali dadas, vez após vez, até que vocês aprendam sua importância e significado. Vemos um pouco hoje, e, pela meditação e oração, vemos mais amanhã. E assim, pouco a pouco, vamos entendendo as graciosas promessas, até que podemos quase compreender seu pleno significado.
Oh, quanto perdemos por não educarmos a imaginação para que se demore nas coisas divinas, em vez de nas terrenas! Podemos dar o mais amplo escopo à imaginação e, contudo, “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam” (1Co 2:9). Novas maravilhas serão reveladas à mente à medida que a aplicarmos com mais intensidade às coisas divinas. Perdemos muito por não falarmos mais de Jesus e do Céu, a herança dos santos. Quanto mais contemplarmos as coisas celestiais, mais veremos novos deleites e mais nosso coração transbordará de gratidão a nosso benevolente Criador (Carta 4, 1885).
14 A verdade versus a sabedoria mundana. Preciosas joias da verdade, que têm o mais alto valor para os mansos e humildes que creem em Cristo, são loucura para aquele que é sábio na estimativa do mundo. Mas a verdade, a eterna verdade, sempre está presente com o verdadeiro crente. O Espírito é o instrutor designado para tal alma e é seu guia, sua contínua força e justiça (Ms 29, 1899).
16 A lei é uma expressão do pensamento de Deus. A lei dos Dez Mandamentos não deve ser considerada tanto do lado proibitivo, como do lado da misericórdia. Suas proibições são a segura garantia de felicidade na obediência. Recebida em Cristo, ela opera em nós a purificação do caráter que nos trará alegria através dos séculos da eternidade. Para os obedientes ela é um muro de proteção. Contemplamos nela a bondade de Deus que, revelando aos homens os imutáveis princípios da justiça, procura resguardá-los dos males que resultam da transgressão.
Não devemos olhar a Deus como alguém que está esperando o momento de punir o pecador por causa de seus pecados. O pecador mesmo acarreta sobre si a punição. Suas próprias ações dão princípio a uma cadeia de circunstâncias que trazem o resultado definido. Cada ato de transgressão reflete sobre o pecador, opera nele uma mudança de caráter e torna-lhe mais fácil transgredir de novo. Preferindo pecar, separam-se os homens de Deus, excluem-se do conduto de bênçãos, e o resultado certo é a ruína e morte.
A lei é uma expressão do pensamento de Deus. Quando a recebemos em Cristo ela se torna nosso pensamento. Ergue-nos acima do poder dos desejos e tendências naturais, acima das tentações que levam ao pecado (ME1, 235).
Mente de Cristo. O pecador une a sua fraqueza à força de Cristo, seu vazio à plenitude dEle, sua fragilidade à perdurável resistência do Salvador. Assim ele possui a mente de Cristo. Sua humanidade tocou a nossa e nossa humanidade tocou a divindade. Assim, pela operação do Espírito Santo, o homem torna-se participante da natureza divina. É aceito no Amado (DTN 478.5).