Lucas 2

Almeida Antiga - IBC

Nascimento de Jesus Cristo
1 Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado.
2 Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria.
3 E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
4 Subiu também José, da Galileia, da cidade de Nazaré, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi,
5 a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.
6 Enquanto estavam ali, chegou o tempo em que ela havia de dar à luz,
7 e teve a seu filho primogênito; envolveu-o em faixas e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.

Os pastores de Belém

8 Ora, havia naquela mesma região pastores que estavam no campo, e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho.
9 E um anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor os cercou de resplendor; pelo que se encheram de grande temor.
10 O anjo, porém, lhes disse: Não temais, porquanto vos trago novas de grande alegria que o será para todo o povo:
11 É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
12 E isto vos será por sinal: Achareis um menino envolto em faixas, e deitado em uma manjedoura.
13 Então, de repente, apareceu junto ao anjo uma multidão do exército celestial, louvando a Deus e dizendo:
14 # Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra; boa vontade para com os homens.
15 E logo que os anjos se retiraram deles para o céu, diziam os pastores uns aos outros: Vamos já até Belém, e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.
16 Foram, pois, a toda a pressa, e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura;
17 e, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita;
18 e todos os que a ouviram se admiravam do que os pastores lhes diziam.
19 Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração.
20 E voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora dito.

Jesus apresentado no templo em Jerusalém

21 Quando se completaram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, nome o qual lhe dera o anjo, antes de haver sido concebido no ventre.
22 Terminados os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor
23 (conforme está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito será consagrado ao Senhor),
24 e para oferecerem um sacrifício segundo o requerido na lei do Senhor: um par de rolinhas, ou dois pombinhos.

Cântico de Simeão

25 Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.
26 E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor.
27 Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei,
28 Simeão o tomou em seus braços, bendisse a Deus, e disse:
29 Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra;
30 pois os meus olhos já viram a tua salvação,
31 a qual tu preparaste ante a face de todos os povos;
32 luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel.
33 Enquanto isso, José e sua mãe se admiravam das coisas que dele se diziam.
34 E Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição,
35 sim, e uma espada traspassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.

A profetisa Ana

36 Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era já avançada em idade, tendo vivido com o marido sete anos desde a sua virgindade;
37 e era viúva, de quase oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações.
38 Chegando ela na mesma hora, deu graças a Deus, e falou a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
39 Assim que cumpriram tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galileia, para sua cidade de Nazaré.
40 E o menino ia crescendo e fortalecendo-se em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.

Jesus no templo, aos doze anos de idade

41 Ora, seus pais iam todos os anos a Jerusalém, à festa da páscoa.
42 Quando Jesus completou doze anos, subiram eles segundo o costume da festa;
43 e, terminados aqueles dias, ao regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém, e não o soube José, nem sua mãe;
44 julgando, porém, que estivesse entre os companheiros de viagem, andaram caminho de um dia, e o procuravam entre os parentes e conhecidos;
45 e não o achando, voltaram a Jerusalém em busca dele.
46 E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
47 E todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas.
48 Quando o viram, ficaram maravilhados, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que procedeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.
49 Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia tratar dos negócios de meu Pai?
50 Eles, porém, não entenderam as palavras que lhes dissera.
51 Então, descendo com eles, foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava todas estas coisas em seu coração.
52 E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.

Referências Cruzadas

1 At 11:28
2 At 5:37
4 1Sm 16:1; 1Sm 16:4; Jo 7:42; Mt 1:16; Lc 1:27
5 Mt 1:18; Lc 1:27
7 Mt 1:25
9 Lc 1:12
10 Lc 2:31; Lc 2:32; Gn 12:3; Mt 28:19; Mc 1:15; Lc 24:47; Cl 1:23
11 Is 9:6; Mt 1:21; Mt 1:16; Mt 16:16; Lc 1:43; At 2:36; At 10:36; Fp 2:11
13 Gn 28:12; Gn 32:1; Gn 32:2; Sl 103:20; Sl 103:21; Sl 148:2; Dn 7:10; Hb 1:14; Ap 5:11
14 Lc 19:38; Ef 1:6; Ef 3:10; Ef 3:21; Ap 5:13; Is 57:19; Lc 1:79; Rm 5:1; Ef 2:17; Cl 1:20; Jo 3:16; Ef 2:4; Ef 2:7; 2Ts 2:16; 1Jo 4:9; 1Jo 4:10
19 Lc 2:51; Gn 37:11; Lc 1:66
21 Gn 17:12; Lv 12:3; Lc 1:59; Mt 1:21; Mt 1:25; Lc 1:31
22 Lv 12:2; Lv 12:3; Lv 12:4; Lv 12:6
23 Ex 13:2; Ex 22:29; Ex 34:19
24 Lv 12:2; Lv 12:6; Lv 12:8
25 Lc 2:38; Is 40:1; Mc 15:43
26 Sl 89:48
27 Mt 4:1
29 Gn 46:30; Fp 1:23
30 Is 52:10
32 Is 9:2; Is 42:6; Is 49:6; Is 60:1; Is 60:2; Is 60:3; Mt 4:16; At 13:47; At 28:28
34 Is 8:14; Os 14:9; Mt 21:44; Rm 9:32; Rm 9:33; 1Pe 2:7; 1Pe 2:8; At 28:22
35 Sl 42:10; Jo 19:25
37 At 26:7; 1Tm 5:5
38 Lc 2:25; Mc 15:43; Lc 24:21
40 Lc 2:52; Lc 1:80
41 Ex 23:15; Ex 23:17; Ex 34:23; Dt 16:1; Dt 16:16
47 Mt 7:28; Mc 1:22; Lc 4:22; Lc 4:32; Jo 7:15; Jo 7:46
49 Jo 2:16
50 Lc 9:45; Lc 18:34
51 Lc 2:19; Dn 7:28
52 Lc 2:40; 1Sm 2:26

7 Manjedoura. Jesus Se propôs que nenhuma atração de natureza terrena levasse homens ao Seu lado (DTN 23.2).
8 Anjo buscou em vão na capital. Um anjo visita a Terra a fim de ver quais os que se acham preparados para receber a Jesus. Não pode, porém, distinguir sinal algum de expectação. Não ouve voz alguma de louvor e triunfo, anunciando que o tempo da vinda do Messias está às portas. O anjo paira por algum tempo sobre a cidade escolhida e o templo onde a presença divina tinha sido manifestada durante séculos; mas, mesmo ali, há idêntica indiferença.
Com espanto está o mensageiro celestial prestes a voltar para o Céu com a desonrosa notícia, quando descobre alguns pastores que, à noite, vigiam seus rebanhos e, mirando o céu bordado de estrelas, meditam na profecia do Messias a vir à Terra, anelando o advento do Redentor do mundo. Ali se encontra um grupo que está preparado para receber a mensagem celestial. E subitamente o anjo do Senhor aparece anunciando as boas novas de grande alegria (VA 159.1).

9 Fortalecidos para suportar a luz maior.
De repente, o céu é iluminado com um brilho que alarma os pastores. Eles não sabiam a razão desse grande espetáculo. A princípio não discernem as miríades de anjos que estão reunidas no céu. O esplendor e a glória da hoste celestial iluminam e tornam gloriosa toda a planície. Enquanto os pastores estão aterrorizados ante a glória de Deus, o anjo que lidera a hoste lhes acalma os temores, revelando-se a eles e dizendo: “Não temais.” […]
Quando seus temores são dissipados, a alegria toma o lugar do espanto e do terror. Não poderiam, a princípio, suportar que o brilho da glória, que acompanhava toda a hoste celestial, surgisse diante deles repentinamente. Apenas um anjo aparece ante os olhos dos vigilantes pastores, a fim de lhes dissipar os temores e de dar a conhecer sua missão. A medida que a luz do anjo os circunda, a glória repousa sobre eles, e são fortalecidos para suportar a luz e a glória maiores que acompanham as miríades de anjos celestiais (SP2, 17, 18).
13 A reação de Satanás. Satanás observou as planícies de Belém iluminadas pela radiante glória de uma multidão de anjos celestes. Ouviu seus cânticos: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na Terra entre os homens.” Lucas 2:14. O príncipe das trevas percebeu os surpresos pastores encherem-se de temor enquanto contemplavam as colinas iluminadas. Eles tremeram diante das exibições de excelsa glória que parecia dominar seus sentidos. Até mesmo o líder rebelde tremeu diante da proclamação do anjo aos pastores: [v. 10, 11].
Satanás sabia que o cântico dos mensageiros celestiais proclamando o advento do Salvador ao mundo decaído, e a alegria expressa diante desse grande evento, não significavam nada de bom para ele. Tenebrosos pressentimentos despertaram-se em sua mente, quanto à influência que teria este advento ao mundo sobre o seu reino (VA 160.3).
14 Anjos se seguraram por um tempo. O celestial mensageiro acalmara-lhes os temores. Dissera-lhes como poderiam encontrar Jesus. Com terna consideração para com sua humana fraqueza, dera-lhes tempo para se habituarem à radiação divina. Então, o júbilo e a glória não se puderam por mais tempo ocultar. Toda a planície se iluminou com a resplandecência das hostes de Deus. A Terra emudeceu, e o Céu inclinou-se para escutar o cântico: [v. 14] (DTN 25.1).
13, 14, 29-32 Satanás se encheu de furor. Os arautos celestiais despertaram toda a ira da sinagoga de Satanás. Ele seguiu os passos dos que tinham a seu cargo o cuidado do menino Jesus. Ouviu, nos átrios do templo, a profecia de Simeão, que havia muito esperava pela consolação de Israel. O Espírito Santo estava sobre ele e, movido pelo Espírito, foi ao templo. Tomando o infante Salvador em seus braços, louvou a Deus, dizendo: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o Teu servo, segundo a Tua palavra; porque os meus olhos já viram a Tua salvação” (Lc 2:29, 30). Satanás encheu-se de furor ao ver que o idoso Simeão reconheceu a divindade de Cristo (MG [MM 1974], 160; RH, 29/10/1895).
25-32 Na atmosfera do céu. Assim que Simeão viu o infante nos braços do sacerdote, foi divinamente impressionado […]
Simeão percebeu que tinha nos braços Aquele que era o caminho, a verdade e a vida. Nesse momento, nada havia na aparência exterior de Cristo que lhe desse essa certeza, mas Simeão havia vivido na atmosfera do Céu. Os brilhantes raios do Sol da Justiça lhe davam discernimento espiritual. Seu único desejo tinha sido o de ver a Cristo. A pureza de sua vida correspondia à luz que ele havia recebido, e estava preparado para a revelação da grande verdade de que esta indefesa criança era o Ungido do Senhor, o próprio Messias. Alegria e exultação transfiguraram seu rosto enquanto ele segurava nos braços o mais precioso dom de Deus aos seres humanos. Sua mente iluminada recebeu a luz que fluía da Fonte de toda luz. Viu que Cristo devia ser a esperança tanto dos judeus quanto dos gentios. Os muros da tradição erigidos pelo preconceito judaico não existiam em sua mente. Ele compreendeu que o Messias traria redenção a todos (RH, 02/04/1901).
Duas classes são representadas. Simeão e os sacerdotes representavam duas classes: os que são guiados pelo Espírito de Deus porque estão dispostos a ser instruídos; e os que, recusando-se a receber a luz que os levaria à verdade, são guiados pelo espírito da potestade do ar e estão diariamente sendo levados a mais profundas trevas.
Por divina iluminação Simeão compreendeu a missão de Cristo; o Espírito Santo lhe impressionou o coração. Mas os sacerdotes e as autoridades estavam imbuídos do espírito do inimigo de Deus. Hoje, o mesmo espírito influencia mentes humanas, controlando com poder o coração das pessoas e neutralizando os apelos do Espírito (RH, 02/04/1901).
38 Judeus piedosos esperavam dia e noite. Os judeus piedosos estavam aguardando a vinda do Messias, crendo nela e orando fervorosamente por ela. Deus não podia manifestar Sua glória e poder a Seu povo por meio de um sacerdócio corrupto. Havia chegado o tempo marcado para que Ele favorecesse Seu povo. A fé dos judeus havia se tornado anuviada em consequência de seu afastamento de Deus. Muitos dos líderes do povo introduziam suas próprias tradições e as impunham aos judeus como se fossem mandamentos de Deus. Os judeus piedosos criam e confiavam que Deus não deixaria Seu povo nessa condição, para servir de escárnio aos pagãos. Ele lhes havia, no passado, suscitado um libertador quando, em sua angústia, clamaram a Ele. Pelas predições dos profetas, achavam que havia chegado o tempo designado por Deus para o Messias vir. E, quando Ele viesse, eles teriam uma clara revelação da vontade divina e suas doutrinas seriam livradas das tradições e das cerimônias desnecessárias que lhes haviam confundido a fé. Os judeus piedosos que tinham idade avançada esperavam dia e noite pelo Messias vindouro, orando para que pudessem ver o Salvador antes de morrer. Ansiavam ver a nuvem de ignorância e preconceito ser removida da mente do povo (SP2, 41, 42).
40. Um exemplo. Não é correto dizer, como fazem muitos escritores, que Cristo era como todas as crianças. Ele não era como todas as crianças. Muitas delas são mal orientadas e mal dirigidas. Mas José, e em especial Maria, mantinham diante de si a ideia da divina paternidade de seu Filho. Jesus era instruído em harmonia com o caráter sagrado de Sua missão. Sua inclinação para a justiça era uma contínua satisfação para seus pais (FF [MM 2005/1956], 134).
As perguntas que Ele fazia os levavam a estudar mais diligentemente os grandes elementos da verdade. Suas palavras comoventes quanto à natureza e ao Deus da natureza abriam e iluminavam a mente deles (JMM [MM 2009], 63)
Os olhos do Filho de Deus frequentemente repousavam sobre as rochas e outeiros que rodeavam Seu lar. Ele estava familiarizado com as coisas da natureza. Via o sol no céu a lua e as estrelas cumprindo sua órbita. Com a voz do canto, Ele dava as boas-vindas à luz matutina. Escutava a cotovia cantando melodias a Deus e unia Sua voz com a voz de louvor e ações de graças. […]
Ele era um exemplo do que todos os filhos podem se esforçar para ser se os pais buscarem ao Senhor mais fervorosamente e se os filhos cooperarem com os pais. Em Suas palavras e nos atos, Ele manifestava terna simpatia para com todos. Sua companhia era um bálsamo curativo e calmante para os desanimados e deprimidos.
Ninguém, ao olhar para o semblante infantil radiante de animação, podia dizer que Cristo era exatamente como as outras crianças. Ele era Deus em carne humana. Quando instado por Seus companheiros a fazer o que era errado, a divindade irrompia através da humanidade, e Ele recusava decididamente. Num segundo, Ele distinguia entre o certo e o errado, e colocava o pecado à luz dos mandamentos de Deus, exibindo a lei como um espelho que refletia luz sobre o erro. Era esta discriminação perspicaz entre o certo e o errado que muitas vezes provocava a raiva dos irmãos de Cristo. Contudo, Seus apelos e rogos, e a tristeza expressa em Seu semblante, revelavam um amor tão terno e fervoroso por eles que ficavam envergonhados de O haverem tentado a Se desviar de Seu estrito senso de justiça e lealdade (YI, 08/09/1898).
40, 52 Crescimento em conhecimento e serviço. Embora crescesse em conhecimento e a graça de Deus estivesse sobre Ele, não Se envaidecia, nem considerava indignidade realizar o serviço mais humilde. Participava dos encargos, junto com o pai, a mãe e os irmãos. Empenhava-se para sustentar a família e partilhava do trabalho que cobriria as despesas da casa. Embora Sua sabedoria houvesse despertado a admiração dos doutores, sujeitou-Se humildemente a Seus tutores humanos, assumiu Sua parte nos encargos da família e trabalhou com as próprias mãos como o faria qualquer outra pessoa. É declarado a respeito de Jesus que, ao avançar em idade, crescia “em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2:52).
O conhecimento que Ele diariamente obtinha de Sua maravilhosa missão, não O indispunha para a realização dos deveres mais humildes. Aceitava alegremente o trabalho que recai sobre os jovens que moram em lares humildes afligidos pela pobreza. Ele compreendia as tentações das crianças, pois suportou suas tristezas e provações. Seu propósito de fazer o que é correto era firme e constante. Embora fosse assediado pelo mal, não Se afastou uma só vez da mais estrita veracidade e retidão. Manteve perfeita obediência filial; mas a vida sem mácula despertava inveja e ciúme de Seus irmãos. Sua infância e juventude não foram de calma e tranquilidade. Seus irmãos não criam nEle e se irritavam porque Ele não agia em todas as coisas como eles, juntando-se a eles na prática do mal. Na vida familiar, Jesus era alegre, mas não turbulento. Sempre mantinha a atitude de alguém disposto a aprender. Tinha grande prazer na natureza, e Deus era Seu professor (Ex [MM 1992], 78; ST, 30/07/1896).
A luz e a alegria da família. Cristo é o ideal para toda a humanidade. Deixou exemplo perfeito para a infância, juventude e idade adulta. Veio à Terra e passou pelas diferentes fases da vida. Falava e agia como as outras crianças e jovens, exceto pelo fato de que não cometeu nenhum ato errado. O pecado não encontrou lugar em Sua vida. Vivia sempre numa atmosfera de pureza celestial. Da infância à idade adulta manteve impecável confiança em Deus. A Palavra diz a Seu respeito: […] “Crescia […] em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.”
No santuário do lar, Jesus recebeu Sua educação, não somente dos próprios pais, mas de Seu Pai celestial. Ao tornar-Se mais velho, Deus Lhe revelava mais e mais da grande obra que tinha pela frente. Não obstante Seu conhecimento disso, não assumia ares de superioridade. Ele nunca causou, por desrespeito, dor ou ansiedade a Seus pais. Deleitava-Se em honrá-los e obedecer-lhes. Ainda que não ignorasse Sua grande missão, consultava a vontade deles e submetia-Se a sua autoridade.
Cristo havia sido comandante da hoste celestial, mas não Se eximiu do trabalho por causa disso, deixando a Seus pais a tarefa de sustentá-Lo. Enquanto ainda bem jovem, aprendeu um ofício e fielmente desempenhava Seus deveres diários, contribuindo para o sustento da família.
Cristo era a luz e a alegria do círculo familiar (PC [MM 1965], 30; YI, 22/08/1901).
41-49 Nenhuma lição deve ser perdida. Na vida de Cristo, ato algum era destituído de importância. Cada acontecimento de Sua vida era para benefício de Seus seguidores nos tempos futuros. Esta circunstância da demora de Cristo em Jerusalém ensina importante lição aos que viriam a crer nEle. […]
Jesus estava familiarizado com os corações. Sabia que, enquanto a multidão regressasse de Jerusalém em grupos, haveria muitas conversas e assuntos que não seriam temperados com humildade e graça, e o Messias e Sua missão seriam quase esquecidos. Preferiu voltar de Jerusalém sozinho com Seus pais; pois, estando afastados, Seu pai e Sua mãe teriam mais tempo para refletir e meditar sobre as profecias que se referiam a Seu futuro sofrimento e morte. Não desejava que os dolorosos acontecimentos que deviam experimentar quando Ele oferecesse a vida pelos pecados do mundo fossem novos e inesperados para eles. Separou-Se deles quando voltavam de Jerusalém. Depois da celebração da Páscoa, eles O procuraram, aflitos, por três dias. Quando Ele fosse morto pelos pecados do mundo, estaria separado deles, perdido para eles, por três dias. Mas, depois disso, Se revelaria a eles, seria por eles encontrado, e sua fé estaria nEle como o Redentor da raça caída, o advogado junto ao Pai em seu favor.
Eis uma lição instrutiva a todos os seguidores de Cristo. Ele planejou que nenhuma dessas lições se perdesse, mas que fossem escritas para benefício das gerações futuras. Há necessidade de cuidado com as palavras e ações quando os cristãos se acham em grupo, não seja Jesus esquecido por eles, nem sigam em frente sem perceber que Jesus não Se encontra entre eles. Quando são despertados para sua condição, verificam que caminharam sem a presença dAquele que lhes poderia dar paz e alegria ao coração, e são gastos dias para voltar atrás e procurar Aquele cuja companhia deveriam haver conservado consigo em todo momento. Jesus não será achado na companhia dos que não fazem questão de Sua presença, e que se empenham em conversas que nada têm a ver com o Redentor, em quem professam estar concentradas suas esperanças de vida eterna. Jesus evita a companhia desses, e o mesmo ocorre com os anjos que executam Suas ordens. Esses mensageiros celestiais não são atraídos para a multidão daqueles cuja mente está longe das coisas do Céu. Os santos anjos não podem permanecer no grupo em que a presença de Jesus não é desejada nem encorajada, nem com os que não notam a ausência do Senhor. Por essa razão, existe grande tristeza, dor e desânimo. Por falta de meditação, vigilância e oração, perderam tudo o que é valioso. Os divinos raios de luz que emanam de Cristo não estão com eles, animando-os com sua influência amorável e elevadora. Estão envoltos em sombras, porque seu espírito descuidado e irreverente separou Jesus de sua companhia e afastou deles os anjos ministradores. Muitos que vão às reuniões devocionais e são instruídos pelos servos de Deus, sendo grandemente reavivados e abençoados ao buscarem a Jesus, não voltam para casa melhores do que de lá saíram, porque não sentiram a importância de orar e vigiar durante o caminho de retorno. Frequentemente, sentem-se inclinados a queixar-se de outros porque acham que perderam algo. Alguns murmuram contra Deus e não reprovam a si mesmos por serem a causa de suas próprias lutas e de seu sofrimento mental. Eles não deveriam pensar em outros; a falha está neles mesmos. Ficaram falando e gesticulando e, assim, afastaram o Hóspede celestial; e a culpa é somente deles mesmos.
É privilégio de todos reterem a Jesus consigo. Para fazerem isso, suas palavras precisam ser escolhidas, temperadas com graça. Os pensamentos de seu coração precisam ser disciplinados para meditar em assuntos celestiais e divinos (PC [MM 1965], 29; SP2, 35-38).
46 Um modelo de cortesia. Depois de O procurarem por três dias, José e Maria O encontraram no pátio do templo, “assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que O ouviam muito se admiravam da Sua inteligência e das Suas respostas” (Lc 2:46, 47). Fazia Suas perguntas com uma graça que encantava esses homens instruídos. Era um modelo perfeito para todo jovem. Manifestava sempre deferência e respeito para com os mais idosos. A religião de Cristo nunca levará qualquer criança a ser rude e descortês (JMM [MM 2009], 63).
Despretensioso. Como pessoa que busca saber, interrogava esses mestres […] Suas perguntas eram sugestivas de profundas verdades que havia muito jaziam obscurecidas […] Os doutores voltavam-se para Ele com perguntas, e pasmavam de Suas respostas […] Seguidos, os traços da verdade por Ele indicados teriam operado uma reforma na religião da época. Ter-se-ia despertado profundo interesse nas coisas espirituais; e quando Jesus começasse Seu ministério, muitos estariam preparados para O receber […] A modéstia juvenil e a graça de Jesus lhes desarmava os preconceitos. Inconscientemente, seu espírito abriu-se à Palavra de Deus, e o Espírito Santo lhes falou ao coração (DTN 47).
50, 51 Um ministério constante. Cristo só iniciou Seu ministério público dezoito anos depois, mas estava constantemente servindo a outros, aproveitando toda oportunidade que Lhe era oferecida. Mesmo em Sua infância, proferia palavras de conforto e ternura para jovens e idosos. Sua mãe não podia deixar de notar Suas palavras, Seu espírito e Sua voluntária obediência a tudo o que ela dEle requeria (JMM [MM 2009], 63).
51 Ver Ellen G. White sobre Jo 2:1, 2.